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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Oi gente?!



Tudo bom com vocês?




Então, resolvi postar esse texto de Emílio Carlos, pois estamos fazendo um grande trabalho sobre esse assunto no colégio e fiquei realmente comovida com essa história e muitas outras que eu li e por isso, resolvi divulgar, ajudar e fazer a minha parte para que isso acabe. E você, está fazendo a sua? Leia:




Aconteceu comigo: BULLYING



de Emílio Carlos


Meu nome é Michel. Tenho 9 anos e estou no 4º ano do ensino fundamental.
Eu gosto de estudar, de aprender novas coisas. Isso me faz entender o mundo de outra maneira.
Gosto da escola, dos professores e dos colegas da classe. Me dou bem com vários colegas – e alguns deles são meus amigos. Que nem o Rafael – que é o meu melhor amigo da escola.
Meus problemas começaram quando o Tião foi transferido pra minha classe. O Tião tem quase 11 anos, é mais alto que todos nós e tem pose de valentão. Cara: o Tião tira todo mundo do sério! A professora vive mandando o Tião pra sala da diretora de tanto que ele perturba a aula.
Eu nunca vou me esquecer do primeiro dia em que o Tião chegou no 4ºA. Ele parou bem no meio da porta com um sorriso sarcástico, mochila cheia nas costas, e olhou pra cada um de nós. Seus olhos brilhavam e ele começou a andar em direção ao único lugar vago da sala. Daí chegou pertinho de mim, esfregou as mãos de satisfação e me disse assim:
Escolhi! Você vai ser minha vítima esse ano!
Eu nem tive chance de dizer nada. Levei um tapão nas costas e quando quis reclamar o Tião disse assim:
Se você falar alguma coisa eu acabo com você.
Nessa hora a professora chegou na sala. Ela apresentou o “aluno novo” à sala: Sebastião Antonio dos Santos.
Vulgo Tião, 'ssora.
O Marquinhos, o Adão e o Leonardo riram de lá do fundo da sala. Eles faziam parte da turma da bagunça desde o 3º ano e viram no Tião um herói pra eles, alguém a ser imitado.
Quero que vocês tratem bem o Tião. Certo classe?
A classe não respondeu. Todo mundo estava com medo do Tião (menos a turma da bagunça). A professora – que não conhecia o Tião – repetiu a pergunta:
Certo classe?
A classe então respondeu “certo” entredentes. E o Tião disse assim:
Se preocupa não, 'ssora. Eu já fiz um amigo.
E bateu forte de novo nas minhas costas. A turma da bagunça riu. Mas a professora não percebeu, e disse:
Que bom, Tião. O Michel é um de nossos melhores alunos.
E o Tião falou baixinho olhando pra mim:
Era, Michelito. Era.
Riu e se sentou no único lugar vago da classe: perto de mim. E eu vi que estava perdido.

O pessoal da turma da bagunça era chato. Falavam no meio da explicação da professora, contavam piadinhas sem graça no intervalo, mas era só isso. Ninguém era valentão. Só o Tião.
Ele me escolheu pra vítima mesmo. Me cutucava, vivia me dando tapas e pegava as minhas coisas – tudo isso escondido da professora. A turma da bagunça ali no fundo, só esperando o próximo lance do Tião pra rir da minha cara – e eu sem saber até quando ia aguentar isso.
No recreio eu comecei a me afastar dos colegas. Eu tentava ficar o mais longe possível do Tião. Eu me escondia dele. Mas não adiantava nada – ele sempre me achava. E atrás dele vinha a turma da bagunça, pra se divertir às minhas custas.

Muita gente via mas ninguém falava nada. Todo mundo tinha medo do Tião escolher outra vítima: eles. Por isso o pessoal preferia ficar quieto.
Eu já tinha ouvido falar de tristeza. Mas não sabia que uma tristeza tão grande era possível pra alguém que só tinha 9 anos. Eu fui ficando triste, chorava escondido, qualquer coisa meus olhos enchiam de água. Meus pais trabalhavam o dia todo fora e não percebiam nada. Mas quantas vezes eu fui dormir querendo não acordar nunca mais.
Um dia o Tião tomou meu lanche da minha mão só pra jogar no chão e pisar em cima. A turma da bagunça ria. E ele só me dando tapão nas costas.
Quando o Tião se afastou o Rafael disse:
Por que você não reage?
Porque ele arrebenta comigo se eu reagir – respondi quase chorando.
Conta pra professora então – replicou o Rafael.
Ela nunca acreditaria. O Tião posa de meu amigo na sala, lembra?
Parecia que não tinha jeito. Minha vida estava se acabando diante dos meus olhos: eu agora era um garoto triste, minhas notas pioraram, eu só queria desaparecer.
E o Tião só aproveitando de mim. Quanto mais eu ficava quieto mais ele aprontava. E a turma da bagunça só ria da minha cara. Aquilo tudo doía forte, doía muito, doía mais que os tapas que ele me dava: doía na alma!
Comecei a querer faltar na escola. Mas minha mãe não deixava. Com a sala lotada eu não podia mudar de lugar. Eu estava sem saída.
Quando pensei que o Tião já tinha aprontado de tudo comigo ele fez pior. Foi na hora do recreio. Como sempre eu tentei achar um cantinho pra poder comer o meu lanche, longe do Tião e sua gang (a turma da bagunça). Me sentei lá no canto do pátio junto com o Rafael. Não adiantou nada: eles me acharam. O Tião já foi logo me batendo e o meu lanche foi parar no chão. Daí ele disse, muito cinicamente:
Oh, me desculpe Michelito.
E pisou e dançou em cima do meu lanche debochadamente. A turma da bagunça ria e ria. Foi aí que o Tião disse:
Ele vai ficar com fome, turma.
Os três riram de novo. Mas não tinha acabado ainda. E eles sabiam disso. Então o Tião pegou um saco de papel com alguma coisa dentro e disse:
Tome, Michelito. É pra você.
Eu não queria pegar. Eu não queria nada dele. Mas ele pegou minha mão e me obrigou a segurar o saco de papel.
Não vai abrir, Michelito? - disse o Tião soltando uma gargalhada.
Nem precisava abrir pra saber que eu ia ser humilhado mais ainda. Era lógico que ali dentro não tinha outro lanche. E naquele momento eu não aguentei mais. Eu decidi reagir. Eu decidi que não ia mais aguentar aquilo.
O Tião repetiu a pergunta:
Não vai abrir, Michelito?
Eu olhei bem fundo nos olhos dele e disse decidido:
Meu nome é Michel. E eu não vou abrir.
Por um momento houve silêncio. O Tião não esperava que eu respondesse. A turma da bagunça olhou para o Tião, cobrando uma atitude. Ele percebeu que sua liderança estava ameaçada. Então olhou pra mim e disse:
Como é que é?
É isso mesmo que você ouviu: eu não vou abrir.
E dizendo isso devolvi o saco de papel na mão dele. O Tião não podia acreditar. Finalmente eu o tinha enfrentado. E ele não aceitava isso.
Tião jogou o saco de papel no chão. O saco se espatifou e espalhou areia pelo chão. A turma da bagunça me segurou por trás para o Tião me bater. Ele levantou a mão fechada, ergueu o punho o mais alto que podia e disse assim:
Você vai se arrepender, verme!
Não, Tião! Quem vai se arrepender é você. Solte ele!
Foi o Rafael que disse isso. Meu grande amigo Rafael. Ele tinha ido chamar a diretora da escola. E agora ela, a professora e a inspetora de aluno tinham pego o Tião e a turma da bagunça no flagra.
Soltem ele! - ordenou a diretora – Os quatro para a diretoria!
Mas... - tentou dizer o Tião.
Agora! - exclamou a diretora com um olhar de poucos amigos.

Eles foram parar na diretoria e não voltaram até o final da aula. E eu tive paz pela primeira vez em semanas. Eu disse:
Valeu Rafael.
Amigo é pra essas coisas – respondeu ele.
A diretora chamou os pais dos quatro. A turma da bagunça levou uma suspensão: 3 dias pra cada um. A diretora descobriu que o Tião vivia importunando os alunos na outra escola que ele estudava antes. Ele foi transferido para outra escola e a mãe dele agora vai ficar em cima dele.
Aconteceu comigo e pode estar acontecendo com você: apelidos chatos, tapas, agressões. Tudo isso que faz a gente se sentir tão mal se chama bullying.
Só tem um jeito de resolver isso: conte pra todo mundo! Conte pro seu pai, pra sua mãe, pra professora, pra diretora da escola. Não aceite, não deixe passar. Ninguém tem o direito de te humilhar. Reaja! Crie coragem e denuncie quem está te agredindo.
(Um segredo: na sala da diretora o maior valentão do mundo vira um gatinho... E na frente dos pais o maior machão chora...).
É isso aí: não sofra mais! Vamos acabar com o bullying na escola. Vamos nos respeitar mais. Porque somos todos irmãos perante Deus.
Michel desliga.





E ai, o que acharam da história?! Comentem ;)






Beijinhos,






Lu

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